CAMOCIM

Fundação: 17/08/1889

Emancipação Política: 29 DE SETEMBRO

Gentílico: CAMOCINENSE

Unidade Federatíva: CE

Mesoregião: NOROESTE CEARENSE

Microregião: LITORAL DE CAMOCIM E ACARAÚ

Origem
Camocim é um município brasileiro no estado do Ceará. Localiza-se na região intermediária de Sobral, tendo como seus limites territoriais os municípios de Barroquinha, Bela Cruz, Granja e Jijoca de Jericoacoara. Seu clima é tropical semi-úmido, constitui uma região fisiográfica de caatinga arbustiva.[5] Com uma área de 1 124,782 km², sua população foi estimada em 63 661[2] habitantes, conforme dados do IBGE de 2019.

A antiga vila de Camocim foi fundada em 29 de fevereiro de 1879, e a cidade em 17 de agosto de 1889, emancipada de Granja. Vivenciou forte expansão econômica e verticalização no século XIX até o início do século XX, e em 2015 seu PIB figurava em 544,5 mil reais, estando entre as doze cidades brasileiras com população inferior a 100 mil habitantes mais desenvolvidas,[6] enquanto o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), em 2016, era de 0,620, considerado médio.

Detendo uma população em grande parte católica e evangélica, abriga a Igreja Matriz de Bom Jesus dos Navegantes, além de seis instituições de ensino médio, 39 de ensino fundamental, hospital e aeroporto.[7] Com sessenta quilômetros de extensão de praias, tem grande potencial turístico. Todos os anos, a Praia de Maceió e a Ilha da Testa Branca — também conhecida como Ilha do Amor —, ambas promulgadas Áreas de Proteção Ambiental (APA), recebem diversos visitantes devido suas belezas encantadoras.

História
Primeiros povos e período colonial

Mapa do litoral cearense, em 1629.
Antes do século XVI, o território no qual Camocim localiza-se atualmente, como a grande maioria do litoral brasileiro, era ocupado por povos indígenas, tais como Tabajaras, Tremembés, Jenipaboaçus e Cambidas.[8] O topônimo camocim, cambucy, camucym ou camotim vem do tupi-guarani e, segundo Silveira Bueno e Gonçalves Dias, significa "buraco ou pote para enterrar defunto". Provavelmente o nome do município é uma alusão ao ritual funerário dos Índios Tremembés.[9]

Os franceses foram os primeiros a praticar escambo com os povos nativos da região, antes mesmo das primeiras expedições portuguesas, que só chegaram ao local na segunda metade do século.[8] Ao chegarem, os portugueses tiveram como objetivo o reconhecimento de todo local, desde Tutóia, no Maranhão, aos limites entre Ceará e Rio Grande do Norte. Este mapeamento serviria para organizar os confrontos com os franceses que ocupavam o território maranhense.[10]

Diversas cartas topográficas, datadas no século XVII, já descrevem o rio Coreaú, na época chamado de Rio da Cruz pelos exploradores e de Croahiú pelos nativos. Em 1535 fundou-se a Capitania do Ceará, como parte da colonização portuguesa. Com a exploração do restante do país, a região foi desocupada pelos portugueses e sofreu várias invasões de corsários.[11] Conforme Pero Coelho de Sousa, que passou no território em direção a Ibiapaba em 1604, houve diversos conflitos e também intercâmbio entre os povos nativos e os europeus, tais como os franceses, neerlandeses e também ingleses.[10]

Em 1613, a área foi conquistada pelos neerlandeses, que permaneceram no solo até 1649. Nessa época surgiu a ideia da estruturação de uma fortaleza que protegeria os assentamentos portugueses de ataques e também impossibilitaria o escambo com outros povos.[12] Em 1700, o Padre Ascenço Gago ordena o aldeamento de tribos em Ibiapaba e Tabainha. A agricultura e pecuária foram inseridas às atividades locais em 1792, com a chegada de moradores de Tutóia, no Maranhão. Um desses migrantes, Gabriel Rodrigues da Rocha, tornou-se responsável pelo porto.[12]

Período imperial e republicano

Oficina da estação ferroviária. A vila se desenvolve rapidamente após a construção da ferrovia.
Em 1877, a região chamava-se Barra do Camocim e pertencia ao município de Granja. Em junho do ano seguinte, o conselheiro João Lins Vieira ordenou a construção de uma ferrovia na região, esta percorreria até Sobral e pretendia radicalizar os impactos da seca. Pela lei provincial n.º 1849, de 29 de fevereiro de 1879, foi intitulada somente como Camocim e declarada vila.[13] Em 26 de março, José Júlio de Albuquerque Barros deu inicio oficial a construção da ferrovia, que teve seu primeiro trecho, de 24,5 quilômetros, concluído em 15 de janeiro de 1881.[13]

O projeto chegou a Sobral em 31 de dezembro de 1882, com 128,9 quilômetros, nesta época foram trazidas da Filadélfia, Pensilvânia, cinco locomotivas e 52 carros.[14] Como consequência da linha férrea, houve o aumento do tráfego de pessoas e rapidamente a vila tornou-se a principal exportadora do Ceará. No dia 17 de agosto de 1889, o mesmo ano da proclamação da república, em virtude de uma boa economia Camocim foi elevada a cidade pela lei provincial n.º 2162. Em 11 de fevereiro do ano posterior foi criado o distrito de Guriú, e em 7 de junho de 1893 o de Barroquinha.[14]

Em maio de 1910, a empresa The South American Railway Construction Limited tornou-se responsável pela ferrovia.[15] A criação do Bloco Operário e Camponês na década de 20 proporcionou a expansão do comunismo até a região. Fundado em 1928, Camocim foi o primeiro município do interior do Ceará a deter a presença do Partido Comunista do Brasil. O jornalista Francisco Theodoro Rodrigues, principal responsável pela fundação partidária, chegou a cidade em 25 de março e, devido a repressão policial, foi condenado a três meses de prisão em 9 de abril, sendo levado ao Rio de Janeiro, onde permaneceria até 1935.[16]

Segundo relatório do delegado Faustino do Nascimento enviado ao interventor Manuel Fernandes Távora, outras cinquenta pessoas haviam sido presas por seguirem a mesma ideologia.[17] Em 24 de junho de 1936, dois militantes comunistas foram fuzilados pela polícia, este acontecimento tornou-se conhecido como Massacre de Salgadinho. Nessa época, a sigla possuía mais de oitocentos filiados. Segundo Theodoro Rodrigues, Júlio Veras, comandante da Força Pública e filho do opositor Thomaz Zeferino Veras, lhe impediu de desembarcar no Porto do Mucuripe. O mesmo só voltou a Camocim em 1945.[18]

"Os burguezes tem lançado mão de todos os meios para que eu abandone Camocim. Tem feito um boycote terrível ao humilde jornal que dirijo. Este boycote começou desde o momento que reconheceram que o mesmo jornal não elogiava Moreirinha, Mattos Peixoto, Washington Luís, Getúlio Vargas, Juarez e outros políticos [sic]".[19]

Com a urbanização, diversos distritos se tornariam municípios: Chaval, pela lei estadual nº 1153, em 22 de novembro de 1951 e Barroquinha, pela lei estadual nº 6553, em 1 de julho de 1963. Por ser considerada ramal, a ferrovia foi fechada em 24 de agosto de 1977 sob protestos; Já haviam ocorrido tentativas em janeiro de 1950, mas o fechamento só ocorreu 27 anos após. A última locomotiva em funcionamento foi a de nº 611, tendo como maquinista Raimundo Nonato de Castro.[15]

Cultura
Os principais eventos são:
Festa do Bom Jesus dos Navegantes – Padroeiro (novembro),
Carnaval (fevereiro),
Festival de Violeiros (abril),
Festival de Quadrilhas (junho),
Procissão Marítima de São Pedro (29 de junho),
Festival de Música (julho),
Festa da Lagosta e escolha da Rainha da Lagosta (julho),
Aniversário de Camocim (setembro),
Festa do Município (setembro),
Regata de Canoa (setembro),
Festa de São Francisco (outubro)
Festa e novenas do Bom Jesus dos Navegantes – Padroeiro (novembro)
Regata Ecológica de Tatajuba (novembro),
Festa do Caju.
Ps.: No calendário a Festa do Bom Jesus é em janeiro, mas a comemoração com as novenas acontecem no mês de novembro.

Divisão Política
Distrito criado com a denominação de Camocim, por ato provincial de 02-09-1873.

Elevado à categoria de vila com a denominação de Camocim, pela lei provincial nº 1849, de 29-02-1879, desmembrado de Granja. Sede no núcleo de Camocim. Constituído do distrito. Instalada em 08-01-1883.

Elevado à condição de cidade com a denominação de Camocim, pela lei provincial nº 2162, de 17-08-1889.

Pelo ato 11-02-1890, é criado o distrito de Guriú, e anexado ao município de Camocim.

Pelo ato estadual de 26-03-1892 e por lei municipal nº 3, de 30-03-1893, é criado o distrito de Almas e anexado ao município de Camocim.

Pelo ato provincial de 07-06-1893 e por lei municipal nº 3, de 30-03-1893, é criado o distrito de Barroquinha e anexado ao município de Camocim.

Em divisão administrativa referente ao ano de 1911, o município é constituído de 4 distritos: Camocim, Almas, Barroquinha e Guriú.

Pelo decreto estadual nº 1156, de 04-12-1933, o município de Camocim adquiriu o distrito de Chaval do município de Quixaramobim.

Em divisão administrativa referente ao ano de 1933, o município é constituído de 5 distritos: Camocim, Almas, Barroquinha, Chaval e Guriú.

Assim permanecendo em divisões territoriais datadas de 31-XII-1936 e 31-XII-1937

Pelo decreto-lei estadual nº 1114, de 30-12-1943, o distrito de Almas passou a denominar-se Bitupitá.

Em divisão territorial datada de I-VII-1950, o município é constituído de 5 distritos: Camocim, Barroquinha, Bitupitá ex-Almas, Chaval e Guriú.

Pela lei estadual nº 1153, de 22-11-1951, desmembra do município de Camocim o distrito de Chaval. Elevado à categoria de município.

Em divisão territorial datada de I-VII-1955, o município é constituído de 4 distritos: Camocim, Barroquinha, Bitupitá e Guriú.

Assim permanecendo em divisão territorial datada de I-VII-1960.

Pela lei estadual nº 6553, de 01-07-1963, desmembra do município de Camocim o distrito de Barroquinha. Elevado à categoria de município.

Pela lei estadual nº 6385,de 04-07-1963, desmembra do município Camocim o distrito de Bitupitá. Elevado à categoria de município.

Pela lei estadual nº 6397, de 03-07-1963, é criado o distrito de Amarelas e anexado ao município de Camocim.

Em divisão territorial datada 31-XII-1963, o município é constituíido de 3 distritos: Camocim, Amarelas e Guriú.

Pela lei estadual nº 8339, de 14-12-1965, o município de Camocim adquiriu os extintos municípios de Barroquinha e Bitupitá, como simples distrito, pois foram criados e não instalados.

Em divisão territorial datada de 3I-XII-1968, o município é constituído de 5 distritos: Camocim, Amarelas, Barroquinha, Bitupitá e Guriú.

Assim permanecendo em divisão territorial datada de I-VII-1983.

Pela lei estadual nº 11432, de 11-05-1988, desmembra do município Camocim os distritos de Barroquinha e Bitupitá, para formar o novo município de Barroquinha.

Em divisão territorial datada de 17-I-1991, o município é constituído de 3 distritos: Camocim, Amarelas e Guriú.

Assim permanecendo em divisão territorial datada de 2007

Curiosidades

Subdivisão

O município tem 2 distritos: Amarelas e Guriú.

Geografia

Clima Tropical quente sub-úmido com pluviometria média de 1.350 mm com chuvas concentradas de janeiro à abril.

Hidrografia e recursos hídricos

As principais fontes de água são: Baía de Camocim, Lago Grande, do Boqueirão, da Moréia, Lagoa Cangalha e Inhanduba, Córrego da Forquilha, Rio Coreaú, Trindade, P. Maceió, Imburava. Embora alguns desconheçam as praias da Tatajuba, do Guriú, dos Remédios e do Xavier são pertencentes ao município de Camocim e não ao município de Jijoca de Jericoacoara como muitos pensam pelo fato de terem localização geográfica próxima e também por Jericoacoara ter um fluxo de turistas intenso, que acabam fazendo também esta rota.

Relevo e solos

Região costeira (Areias Quartzosas Álicas, Areias Quartzosas Distróficas, Areias Quartzosas Eutróficas,Areias Quartzosas Marinhas Distróficas, Podzólico Vermelho Amarelo Eutrófico) formada de dunas. Não possui grandes elevações.

Vegetação

A boa parte do território é coberto pela caatinga arbustiva aberta e densa, mais ao interior, e por tabuleiros costeiros, bem como por cajueiros e zona de coquerais mais próximos ao litoral. Apresenta também regiões de caatinga arbustiva e mangue próximo à foz dos rios: Coreaú, São Mateus, do Meio, da Fortuna, Inhanduba, Pesqueiro, Palmeira e dos Remédios.

Dados de características geográficas

Área: 1.124.782,00

População estimada: 63661

Densidade: 56,60

Altitude: 8

Clima: TROPICAL SEMI-ÚMIDO

Fuso Horário: UTC-3

Distância para a capital: 357,00

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